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sábado, 27 de fevereiro de 2010

MALU


É verdade que os animais deficientes e eu temos uma ligação. Assim como algumas pessoas tem mais afinidades com outras, seja lá qual seja a razão disso. A minha afinidade entre os animais se mostrou ser com os que tem alguma deficiencia. Eu estava olhando uma foto de Malu, ela em meu colo, e vi no plano de fundo, uma cadeirinha de rodas. Só aí que lembrei. Maluzinha anda em cadeirinha de rodas - que eu fiz.


Também é verdade que eu não tinha percebido Malu entre os cães. Sabia que ela ganhara um nome e ganhar um nome significava que ela tinha se destacado um pouco entre os outros cães. Um dia eu estava limpando seu canil e comentei que ela era bonitinha. Ao posto que alguem respondeu: Bonitinha mas ordinária. Essa Malu é uma verdadeira pestinha.

Não entendi de fato como um animal deficiente poderia ser uma pestinha... eis que eu prestei atenção nela. Fiz sua cadeirinha quando tive condições... e Malu se mostrou para mim um animal desinteressado em ser comum, em ser deficiente. Temos outros animais que andam de cadeirinha de rodas e eles possuem uma caracteristica em comum: são dependentes. Malu, não. Ela até pula. Só não fica solta por que ao se arrastar no chão de cimento, ela se machuca. Mas Malu morde filhotinhos, rouba comida do cego que compartilha seu canil, é sapeca, amorosa, ela adora as pessoas, quando alguem chega na Ama ela corre para receber se estiver de cadeirinha... a coisa mais engraçadinha que ela faz, a meu ver, é essa recepção calorosa... ela pula, roda, pula novamente, vai em cima da pessoa, exige carinho... ela é maravilhosa. É talvez o animal que eu mais me interesse em tirar da Ama e dar um lar... Não sei bem o por que, ela parece gritar que odeia aquele canil, aquelas grades e aquela não-liberdade. De onde ela era, qual seu nome, seu dono, por que foi entregue atropelada, são perguntas que eu as vezes me faço, sentada no seu canil, tentando impedi-la de fugir (sim, ela foge). Mas ai eu penso quão infelizes são essas pessoas que descartam seus bichinhos de estimação quando eles adoecem ou ficam deficientes, como no caso da Malu... os animais, nessas cirunstancias, são fantasticos. Eles dão tudo de si, de vontade de viver, de lição de vida, de vontade de ser feliz. Eis o por que de eu admirar tanto esses animais... não só por ue eles reaprendem a viver -de cadeirinha de rodas- mas por que eles parecem renascer das cinzas do abandono, da tristeza, da mágoa, para nascer num mundo diferente, iluminados, maravilhosos e transcedentes... Sim, Malu é uma maravilhosa e perene fonte de inspiração. E de Luz. Maravilhosa e resplandescente Malu, eu amo você.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A morte de Rosinha


Bom, eu contei o que aconteceu com a pretensa adoção da Rosinha né? Só nunca tive coragem de escrever o que aconteceu depois que ela voltou. Rosinha, antes gordinha e brincalhona, nunca mais quis sair de dentro das casinhas. Antes, ela fazia confusão por causa de comida... depois, nada lhe apetecia. Estaria Rosinha doente do coração? Eu tentava não pensar na cara de "você que me deu pra adoção" que ela fez quando chegou de volta, mas era impossivel... e apesar de ela estar fisicamente mal, alguma coisa no espirito de Rosinha nunca mais foi a mesma coisa. Ela estava apática, entristecida, parecendo não querer mais pertencer àquele lugar ou a qualquer outro. Era de uma tristeza de fazer dó. Esse nome eu dei-lhe por que ela tinha a pele rosada, um problema de pele - leia-se que não era sarna...- e esse problema ficou pior a cada dia. Rosinha não queria comer, não queria levantar-se, não queria nada e apesar dos remedios que tomou, a pele dela não melhorava. E dava-lhe agrados que antes a teriam feito pular do chão, numa manobra arriscada. Rosinha não queria. Um dia, um domingo, eu estava na Ama e então, na hora de ir embora, eu n costumo dar tchau a nenhum deles, por qu me deprimia, não sei direito por que razão. Então, abri o portão e fui-me. Mal tinha dado 10 passos e voltei, para ver Rosinha, dar tchau a ela. Por isso? Não sei, não me pergunte! Volei, sentei no chão, coloquei-a em meu colo e por uns instantes ficamos as duas ali, no silencio. Geralmente outros cães viriam cheirar meu cabelo e lamber minhas orelhas, mas até eles pareciam entender que não era o momento. então, como fazia sempre, apertei de leve a pata dela na minha mão e disse-lhe: "minha Rosinha, minha querida, mamãe ama muito você, tá? Mamãe precisa ir agora..." E então, fui.


Foi a ultima vez que vi minha Rosinha viva. No domingo proximo, voltei. Logo que entrei senti sua falta, mas não ousei perguntar onde ela estava. Continuei limpando os canis,,, e então, quando já não dava mais, perguntei a Nice por ela.

- Scheyla, Rosinha morreu, tadinha. naquele mesmo domingo (meus olhos enchem de lagrimas ao lembrar disso)

- Morreu...

- A gente enterrou ela. Não sabiamos de que ela morreu, exatamente...


A morte, o enterro, a dor... tudo parecia uma coisa só, mas eu me vi apenar balançando a cabeça, afirmativamente, como quem concorda. Nunca gostei de chorar na Ama. Ali não era lugar de chorar, era lugar de lutar e de vencer. Bom, as vezes, não dá pra vencer a morte.

Durante dias, o pensamento que me vinha quando voltava-me as lembranças dela, eram de revolta. Por que Deus permitia isso? Por que os animais tem que sofrer assim? Porque? Muitas noites dormi chorando, pensando no que eu deveria ter feito por ela, pela minha Rosinha... e nada disso me consolava. Pelo contrario, me dava mais raiva ainda de tudo. (sinto muito, mas eu sinto raiva... esse blog não é de nenhuma santa. é de uma protetora dos animais... as vezes a gente não fica nos eixos)


Ai, tres semanas apos sua morte, depois que eu estava finalmente esquecendo, eu tive um sonho. No meu sonho, uma pessoa vestida de branco ia em minha cas ame buscar. ele disse:

- Vamos ver a Rosinha.

Acompanhei-o ate uma casa enorme, cheia de árvores. E então lá estava a Rosinha, linda, como antes de ser adotada. corri até ela, ajoelhei-me para abraçá-la e ela fez festa pra mim, como antes. Tudo estava perfeito! Eu então resolvi apertar a patinha dela, de leve, como antes... e então, a patinha dela se transfromava numa mãozinha de criança, de uma criança de seus 5 aninhos. Olhei para a criança e era uma menina, usando um vestido jeans e lilás, de cabelos curtos e lisos. Olhei de novo para a maozinha na minha e ela tornou a ser uma patinha. Então, tomei um susto e disse, para o estranho: Rosinha está morta. Como pode ser isto?

Ele sorria e dizia:

-Morta para vocês, mas ela está aqui agora. Vou cuidar dela.


E então, o sonho se perdeu num fundo branco e eu acordei. Minha Rosinha está bem ou foi uma peça pregada pelo meu inconsciente?


Eu acho que minha Rosinha está ótima.